Bem (mal) dita*
A palavra dita é como um sopro
Foi embora levando consigo meu espírito...
Restam-me pesos e martírios de olhares
Bem silenciosos flechados em mim
As interrogações e todos os pontos
São por minha conta e culpa: sim
Os olhos que vêm e veem de fora
Ignoram paredes, portas e gente...
São tão bem cravados em mim
Os pontos livres da imaginação agora
Permanecem por minha culpa ainda
Busco fôlego na razão dalguma emoção
Sei que a palavra bem ou mal dita
Sempre há de encontrar abrigo
No espírito que nesse lugar habita
*Poema inédito - da hora, escrito para o tyrannus

Manoel Mourivaldo Santiago-Almeida nasceu na Bahia, viveu parte da sua vida em Mato Grosso e, atualmente, está radicado em São Paulo. É professor titular da USP, especialista em crítica textual e escreve. Desde abril de 2020 vem colaborando com o tyrannus