Ninguém está vendo
Queria ser outra pessoa,
queria outro nome
e uma vida normal.
A frase acima não é minha,
é de um amigo que realmente
queria ser outra pessoa.
Eu já sou outra pessoa,
mas isso não ajuda muito.
Ele quer ser outra pessoa
sendo ele mesmo,
e não ser outra pessoa
sendo eu (e eu já sou
uma outra pessoa).
Tudo isso é muito confuso
para mim, que sigo respondendo
e-mails pela manhã
e cozinhando brócolis com arroz
para o jantar.
Sou um cara tranquilo
e queria que meu amigo
também fosse,
mas o que ele quer
é ser outra pessoa
sendo ele mesmo,
enquanto eu,
preso em mim,
não posso ajudar muito.
É mais ou menos isso.
*Reproduzido da Revista Cândido - da Biblioteca Pública do Paraná https://www.bpp.pr.gov.br/Candido/
tatiana perdigão

Mineiro de Belo Horizonte, Bruno Brum é poeta e designer gráfico. Publicou os livros "Mínima Ideia" (2004), "Cada" (2007), "Mastodontes na Sala de Espera" (2011, vencedor do Prêmio Governo de Minas Gerais de Literatura, na categoria Poesia) e "Tudo Pronto para o Fim do Mundo" (2019). Tem trabalhos publicados em periódicos e antologias no México, na Argentina, no Peru, no Paraguai, na Espanha e nos EUA